- Marcos Vinicius Cieri de Moura
- 29 de jul.
- 2 min de leitura
“Sinto que vou morrer”: o que o pânico tem de revelador

Uma crise de pânico é avassaladora. Extremamente aversiva.
De repente, o coração dispara, falta o ar, o corpo treme, a cabeça gira. A sensação é de que algo horrível vai acontecer: um infarto, um colapso, a perda total do controle. E, muitas vezes, ninguém ao redor entende. “É só ansiedade”, dizem. Mas para quem sente, não tem nada de “só”.
Na abordagem existencial, não tratamos o pânico como apenas um erro do cérebro ou um sintoma isolado. Nós o vemos como um grito da existência: algo em nós está pedindo para ser escutado.
O pânico como expressão da angústia existencial
Via de regra, o pânico é visto como uma hipersensibilidade a própria fisiologia, em outras palavras: uma atenção exagerada as sensações físicas do próprio corpo. A terapia existencial foca em reduzir essa sensibilidade e tornar tolerável.
Mas, para além desse sintoma, o que isso quer dizer ? A psicoterapia existencial também nos convida a olhar para o que está por trás do colapso. Não para encontrar um culpado, mas para compreender o que em nós está em conflito:
Que liberdade está sendo vivida como ameaça?
Que verdades estão sendo evitadas?
O que essa crise revela sobre o modo como estou tentando existir?
Um espaço para escutar a crise — não só silenciá-la
Na terapia existencial, o foco não é apenas conter os sintomas (embora isso também importe). É abrir espaço para que a crise fale. Aos poucos, o que antes era só medo vira clareza. O que parecia descontrole se transforma em compreensão. E o que parecia fraqueza pode se revelar coragem: a de encarar a vida com mais verdade.
Vale um breve comentário sobre a origem do termo pânico. Vem da mitologia grega. Pã, o deus grego dos rebanhos, florestas e vida selvagem, era representado como uma figura híbrida com chifres, pernas e rabo de bode. Segundo a mitologia, ele causava um terror súbito e coletivo em viajantes que perturbavam sua solidão nas montanhas, especialmente durante as horas mais quentes do dia. Esse medo irracional e intenso passou a ser conhecido como " pânico" e hoje designa um medo incontrolável.
O pânico é real
Se você sente que está vivendo no limite, saiba: você não está sozinho. A terapia pode ser um ponto de apoio para reconstruir sentido, autonomia e presença — sem fórmulas prontas, mas com humanidade e profundidade.
Terapia individual
“Era como se o corpo todo respirasse por um poro só, numa urgência muda de ser.”
— Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem


