- Marcos Vinicius Cieri de Moura
- 29 de jul.
- 2 min de leitura
“E se...?” — Quando a mente não para e a angústia toma conta

Na experiência da ansiedade, há um padrão que muitos conhecem bem: pensamentos que se repetem, que giram em círculos, que nunca chegam a uma conclusão. São os “e se…?” intermináveis:
E se eu perder o controle?
E se algo der errado?
E se não tiver dinheiro para pagar as contas?
E se eu não aguentar?
E se não tiver saída e eu ficar preso?
Essa preocupação constante não é apenas um excesso de pensamento — é uma forma de estar no mundo onde a liberdade, a incerteza e a responsabilidade se tornam quase insuportáveis. A mente tenta prever, controlar, antecipar... mas só encontra mais angústia.
O ciclo da ruminação
No campo clínico, isso pode ser reconhecido como parte dos transtornos de ansiedade generalizada, segundo o DSM-5 — caracterizado por preocupações excessivas, difíceis de controlar, que duram meses e afetam o corpo e a mente. Mas, na abordagem existencial, damos um passo além do diagnóstico: buscamos compreender o sentido dessas preocupações na vida da pessoa.
O que esses pensamentos estão tentando evitar? O que não pode ser dito, assumido ou vivido? Quais decisões estão sendo adiadas por medo das consequências?
A ruminação pode funcionar como uma defesa contra o vazio, contra a liberdade de escolher, contra o risco de errar — como se pensar demais fosse evitar o colapso.
Angústia: um alerta existencial
Na psicoterapia existencial, chamamos isso de angústia — não como algo patológico, mas como um sinal de que algo em nós está pedindo atenção. Diferente do medo, que tem objeto (um perigo concreto), a angústia revela o nada — o espaço aberto da nossa existência, das escolhas ainda não feitas, dos sentidos ainda não definidos.
Essa abertura é assustadora, mas também é a fonte da nossa liberdade.
E agora?
Se sua mente está cansada de prever o pior, talvez seja hora de parar de lutar contra o pensamento e começar a olhar para o que ele tenta esconder.
A psicoterapia existencial não oferece respostas prontas, mas cria um espaço seguro para que você possa se encontrar com sua angústia — e, com o tempo, com sua liberdade.
Terapia individual
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
— Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego


